Também o meu estomago nunca prestou para nada. Sempre fui uma enjoadinha. Sabe-se lá como ou porquê era capaz de ficar maldisposta só de comer uma omelete e uma salada. Uma tristeza! E agora até as minhas amigas tostas de queijo me fazem azia.
Ás vezes até fico a pensar que vais achar que não gosto de ti, mas não é nada disso. Eu é que só estava habituada a tratar da minha pessoa. Desde que saí de casa dos meus pais que faço tudo como quero e me apetece. Sem limites, nem restrições, e agora...
Agora, não posso beber nem fumar, nem comer saladas fora de casa, nem fazer depilação a laser. Se quiser enfardar pudim, tenho de perguntar se foi cozido. E a primeira resposta a isso é sempre uma cara de espanto, que me provoca urticária. A carne tem de ser bem passada e eu sempre detestei sola de sapato. Não como um ovo estrelado vai para 6 meses. E não sabia que se podia sentir falta de ovos estrelados. A maior parte da roupa deixa-me desconfortável.
Claro que, quando vi a tua carinha no outro dia na ecografia, e apesar de pareceres igual a um nenuco esqueci-me logo que já não consigo correr desde Dezembro e às vezes nem andar muito depressa. A azia pareceu-me menos chata e passou-me a agonia de já não caber nas minhas jardineiras.
Todas as mulheres me dizem que a gravidez delas foi o melhor da sua vidinha e que estavam tão felizes. Ainda bem para elas, mas não somos todas iguais.
De qualquer maneira, não estou infeliz, só não estou habituada a ter de me esforçar mais para fazer as mesmas coisas. Além disso, acho que nos vamos divertir muito mais depois. Quando formos à praia, ou quando formos ver as ovelhinhas ou fazer festas à Tédi ou passear a Ben ou andar de baloiço ou ao Oceanário, ou apanhar laranjas.
Aposto que vai ser muito mais divertido ver-te a tentar andar pela primeira vez do que dar por mim a tentar levantar-me, entalada entre a mesa e a cadeira da esplanada da praia.
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