sexta-feira, 23 de junho de 2017

O meu bebé faz um ano! Parte II



Aonde é que íamos?
Ah! Portanto: eu ia entrar directamente. E entrei. PARABÉNS para mim!

"Pronto, então agora calce... trouxe chinelas... óptimo!... vá tomar um duche para relaxar e depois vista esta bata e venha ter comigo".
"Obrigada, mas já tomei em casa". 
"Mas é para relaxar". 
"Eu estou relaxada (então não se via logo? vamos lá despachar isto mas'é!)".
Lá fui. Cheia de nojinho. Mas era melhor não arranjar problemas já, certo?
A maternidade era daquelas "amigas dos bebés". Tinha bola de pilates, um banquinho com ar de também poder ser utilizado para torturas de vários tipos, cordas ou elásticos pendurados do tecto. E até uma aparelhagem se quiséssemos ter levado música. Nesta altura só queria dormir. E a música tipo zen deixava-me nervosa. Eu tinha um livro para me ajudar a distrair.
E a epidural? Eu adoro agulhas. Sempre fui sozinha levar as vacinas, desde pequena, aliás. A Mamã nunca teve de ir comigo já eu tinha mais de 20 anos. Nunca. E tirar sangue para análises? É com uma perna às costas. Certo, Lola "A Carniceira"? Nunca o maridão teve de ir comigo. Nunca. Pff... tirar sangue, fácil, seus mariquinhas!
Foi mais ou menos assim:
"Amor, acho que vou precisar de epidural, não aguento mais, tremo toda. Chama lá a enfermeira". "Sim, dê cá o papel que eu assino". 
"Então agora preciso que se deite de lado, joelhos ao peito e não se mexa". 
"Espere, espere só um bocadinho (quero a minha mãe)". "Pronto, tudo bem". "Mas vai doer não vai?" "Mas está pronta ou não? Quer desistir?"
"Sim. Acho que não vou conseguir."
"Não temos muito tempo. Tem de se decidir rapidamente. Tipo agora!"
"Pronto 'tá bem, pode ser (ONDE ESTÁS MAMÃ??????)."
" Então vamos lá outra vez. Vai ter de estar muito quieta."
" EsperEEEEE! Acha que vou conseguir aguentar a dor? Isto depois não melhora?"
"O que eu acho é que estamos a ficar sem tempo. DespachE-SE! Quer ou não?"
"Espereeeee... Ok. Pronto, eu consigo!(acho que chorei, não de dor, mas de solidão porque nesta altura não autorizam o acompanhante no quarto)!" Já pode..."

Depois seguiram-se 10 horas de esforço! Nos intervalos li o "Scat". Outras mulheres gritavam. Palavrões, algumas! Enfim, margem sul, fazer o quê? Eu não. A minha Vovó ensinou-me a ser uma lady. A sentar-me como deve ser e tal. 
Mas depois o tempo para pôr o Pessoinha cá fora estava a acabar. Ia ser preciso cesariana. Já tinha sido preciso máscara de oxigénio e mudar de posição várias vezes para não faltar o ar ao bebé.  E eu "RAIOS! Uma gravidez super saudável. Um bebé saudável! E agora vou à faca e às vezes acontecem coisas e toda a gente sabe que o parto natural é melhor para o bebé!"
Resolvi que ia gritar também! Que se lixe! E além disso a parteira já me tinha mandado gritar. E o bebé lá saiu. Alguns minutos depois de chamarem o médico para fazer a cirurgia.
PARABÉNS!!! a mim.
Muito mais perfeito do que eu imaginava. Nem roxo, nem amachucado. Era cor-de-rosa e até bonitinho. Mas isso devia ser dos meus olhos de Mãe também acabada de nascer, porque agora vejo as fotografias e o miúdo afinal era feiinho. Agora é que está um bonitão!
Os dois dias a seguir é que foram piores.
Mas tenho consciência que tive muita sorte, muita sorte! Porque este espectáculo todo é quando a coisa corre bem. 

2 comentários:

  1. Como sabes, sou do tempo pré-epidural cá na nossa terra. Depois de para aí 15 horas de trabalho de parto, o médico, que felizmente andava por ali a dar uma aula, enxotou os alunos e disse: «Ou a senhora faz força ou tenho de meter os ferros para tirara o bebé». Limpinho. o susto foi tal que o Filipe saltou cá para fora.

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