quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Alentejo Weaving | Tecer o Alentejo


Quem vem ter connosco primeiro é Monica. Vem sorridente e atarefada, do que parece ser uma pequena horta nas traseiras da casa. Do outro lado a paisagem é simples e calorosa e toca até os corações mais urbanos: a planície dourada alentejana pontuada por ovelhas em pequenas encosta suaves a perder de vista.
Um gato espreguiça-se ao Sol no calor ameno do fim da tarde.
Carlos Oliveira recebe-nos logo de seguida de mão estendida para um "passou bem"(na verdade, não podia estar melhor e ainda não tinha visto a lojinha) caloroso. Recebe-nos com um sorriso honesto e paciente de quem está habituado às gentes mas aprecia o silêncio da planície.
Descobri a Alentejo Weaving por acaso através da Vida Portuguesa. Quando percebi que era aqui mais ou menos perto não descansei enquanto não lá fui ver tudo pelos meus próprios olhinhos.
A loja é dentro da propriedade de Carlos e Monica, assim como a oficina, onde são executadas as peças. Aqui respira-se respeito pelas tradições, pela terra, pela vida.
Almofadas, mantas e malas. Tudo feito artesanalmente e por encomenda (se quisermos). Cada peça é única e Carlos nunca repete o padrão e não gosta de fazer a mesma peça duas vezes.
- "Fica mais caro" - diz, - "porque é muito cansativo estar com toda a atenção para conseguir repetir o desenho sem erros".


Para quem como nós vive a respirar Zara, H&m, Ikea e companhia limitada, é quase estranho (mas em bom, em muito bom!), delicioso e absolutamente magnífico perceber a extraordinária qualidade destes materiais e a mestria com que as peças são feitas. E, como estou cada vez mais numa de comércio justo e local acho-me completamente deslumbrada com estas pessoas que resistem em juntar-se ao fácil e ao barato, que são capazes de pensar a tradição e de arranjar maneira de a renovar, fazendo com que perdure no tempo. É o caso destas malas, que foram ideia de Monica Curtin, fotógrafa inglesa e companheira de Carlos.




A loja fica num pequeno anexo que foi "vestido" a rigor para albergar as peças que Carlos vai fazendo sair do tear. Mas há artigos que não estão à venda como este tapete aqui em baixo ao meio.

 
 
 
É um bocadinho como a Alice no País das Maravilhas. Entrar aqui é como entrar num mundo completamente diferente.
 

E depois nunca mais vamos olhar para a fast-fashion da mesma maneira.


Eu ainda tive direito a uma pequena introdução ao ciclo da lã e ao processo desde a tosquia da ovelha até à fase em que a lã está pronta para ser trabalhada no tear. Até fiquei a saber que a lã de melhor qualidade, mais resistente já quase pronta a trabalhar ainda cheira ligeiramente a ovelha (épah, c'a nojo!, mas por acaso não! ok?). É um cheiro suave e ligeiramente adocicado que não se nota logo.
E, já agora, que não tarda estamos no Inverno, até é importante sabermos estas coisas, que é para depois percebermos porque raio passamos frio com as camisolas da Zara que, na maior parte da vezes não têm um pingo de lã.


Alentejo Weaving fica perto do Cercal na costa alentejana. Pelo caminho, na estrada de terra batida, ainda me fartei de apanhar e comer amoras.





 

2 comentários:

  1. Eu e o meu marido também fomos à tecelagem à casa do Carlos e adoramos e admiramos a simpatia do Carlos e o trabalho dele. As malas os tapetes tudo com um gosto incrível. Não tivermos o prazer de conher a esposa, porque não estava.Mas o Carlos falou_nos dela.Mesmo lindo o local, e toda a insolvência à volta. Convida_mos o Carlos também para aparecer no turismo rural que fica bem lá perto que eles não conhecem.

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  2. Eu e o meu marido também fomos à tecelagem à casa do Carlos e adoramos e admiramos a simpatia do Carlos e o trabalho dele. As malas os tapetes tudo com um gosto incrível. Não tivermos o prazer de conher a esposa, porque não estava.Mas o Carlos falou_nos dela.Mesmo lindo o local, e toda a insolvência à volta. Convida_mos o Carlos também para aparecer no turismo rural que fica bem lá perto que eles não conhecem.

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