quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Arrivederci Roma

 

 

 

 

 







 

 

 



















Mal abriram as portas de embarque  e quando, em menos de um piscar de olhos, se formou uma fila desordeira e barulhenta tive a impressão que nos havíamos de sentir em casa em Roma. E não me enganei muito.
Roma é um museu a céu aberto e a capital da moda e mimimi. Confirma-se. É de facto fascinante ver tantos monumentos e a forma como eles resistiram ao tempo. Também nunca tinha visto malta tão bem vestida por metro quadrado. Aquela coisa da calça de fato de treino a cair traseiro abaixo e os ténis com a meia por fora das calças estilo Pull&Bear mitra é vestimenta que não se vê muito. Até as senhoras de mais idade se vestem bem. Elas é luvas e chapéu e muita atenção ao detalhe. Também descobri que Roma é a capital da bota. Botas, botas, botas, o paraíso das botas, botas para todos os gostos, de todas as formas e feitios e preços.
 
Então e foi isto que me fez sentir em casa??? Não, né? A verdade é que Roma está um bocadinho suja e descuidada: lixo pelo chão, à volta dos caixotes, graffitis e parece que já ouve um esforço para haver mais árvores e mais flores nas ruas.
E o trânsito? Ui, c'a medo! Se o tuga conduz mal, os romanos são ainda piores. Respeitar sinais e passadeiras deve ser coisa de gente fraca porque o louco condutor romano não pára por nada deste mundo ou do outro. É sempre a andar. E foram muitas as vezes, e eu até sou uma paz de alma, que tive vontade de aviar uns tabefes nos condutores romanos.
 
Outro pormenorzito que me deu vontade de aviar tabefes a torto e a direito foi o facto de Roma também ser a capital do comerciante trombudo e antipático. Caraças!, que nunca vi tanta gente antipática em tão pouco tempo. Nos primeiro dias ainda me pus a pensar se era pelo facto de passarmos por italianos mas falarmos inglês, ou por eles terem dificuldade em falar inglês... depois marimbei-me para o assunto, mas a verdade é que da livraria espanhola na piazza Navona ao cafezinho simpático e bonitinho lá do bairro, à gelataria apinhada de turistas, ao homem do coffee to go... Chiça! Que gente trombuda! Se quiserem ver malta simpática e trocar impressões com os locais procurem os cafés baratos e mais comuns e aquelas pizzas to go. Mas se o café tiver, por exemplo, vasinhos com lavanda em cima das mesas... deixem lá isso. Olhem lá para dentro, tirem umas fotografias para mostrar aos amigos e procurem um sítio mais parecido com o tasco do Manel lá da terrinha.
 
Agora se há coisa em que os loucos romanos são um bocadinho mais p'á frentex ou menos complicados do que nós é em relação aos animais de companhia. O animal de companhia do romano, no caso observado, o cão, vai para toda a parte com o seu dono. Ele é restaurantes, bares, cafés, cabeleireiros e até a Zara (juro que não comprei nada, entrei só por entrar, porque...  bem, deixa lá).

De resto, na Praça de São Pedro à noite, não vimos o Papa mas percebemos  que o Vaticano tem a sua própria secção de sem-abrigo. Descobrimos que a Bocca della Veritá é na verdade uma máquina de picar o ponto. Eu explico: o turista chega lá, enfia a mão esquerda e posa para a foto em posição de apresentador da meteorologia, depois enfia a mão direita, repetindo o procedimento e pronto, já 'tá, pode ir à sua vidinha. Descobrimos que o vendedor de rua tem o instinto aguçado. Nem dois segundos depois de começar  a chover já tínhamos alguém a tentar vender-nos um chapéu. Também ficámos a saber que o último grito em tecnologia ou gadgets ou que quiserem vá, é uma espécie de - como é que eu digo isto - ora, imaginem uma daquelas pás com cabo comprido de apanhar o lixo, mas na ponta, em vez da pá propriamente dita tinha um quadrado para pôr a máquina ou o telemóvel. Então e p'ra quê???? Ora, para tirar uma selfe um self portrait ou um auto-retrato sem se ver o bracinho! Que máximo, hein? E vai daí era ver tudo quanto era chinês e americano com aquela porcaria à frente.
Numa das noite jantámos no Trastevere, um dos bairros típicos e boémios, só para chegar à conclusão que o nosso Bairro Alto, sem o lixo e o cheiro a mijo é bem mais animado. E, na última noite senti-me praticamente em casa no Scholars Lounge Irish Pub, muito possivelmente por culpa da frequência assídua nos "irlandeses" em Lisboa.