terça-feira, 12 de agosto de 2014

Quando as comadres se zangam pelo facebook

Quando vivia em Lisboa tinha, pelo menos, duas ideias pré-concebidas da vida no campo. Uma delas era sobre as pessoas. E caiu por terra entre ontem e hoje. Ou melhor, caiu via facebook.
Achava eu que as pessoas que vivem em lugares mais pequenos seriam mais amistosas, tão amistosas, que esta lisboeta que nem sabia o nome do vizinho do lado, teria de fugir para evitar beijinhos e abracinhos. 
Algumas pessoas até são amistosas. O problema é a proximidade de anos e anos. E agora o diabo do facebook. A proximidade leva a que se saiba demasiado sobre os vizinhos. Depois, quando não há nada para fazer o interesse na vida dos outros toma proporções montruosas. 
De maneira que quando se zangam as comadres (não, não se sabem as verdades) mas qualquer rumor se transforma numa verdade absoluta para humilhar o próximo. Mas isto até seria pitoresco se fosse em modo old school: mão na anca, avental na cintura, de janela para janela ou à soleira da porta. Mas não. Uma causa nobre tranforma-se numa carrada de acusações. Tudo raciocinado, elaborado e escrito em português correcto e com o pior dos objectivos.
Como leitora ocasional do Correio da Manhã e dona de uma imaginação prodigiosa só pensava numa próxima primeira página do jornal: "fulana tal morta à caçadeira em discussão com conterrânea."







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